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Ata do Copom reforça risco de alta de juros

Sem citar diretamente as incertezas ligadas à eleição presidencial, o Banco Central deixou claro ontem que cresceu o risco de as reformas econômicas não caminharem no Brasil. Na ata do encontro da semana passada, quando manteve a Selic (a taxa básica de juros) em 6,50% ao ano, os dirigentes da instituição também viram risco maior para o País em função da piora do cenário externo. Para economistas do mercado financeiro, o BC indicou que está pronto para subir os juros se for necessário.

A ata publicada ontem trouxe os detalhes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). O colegiado lembrou que a Selic, que está em 6,50% ao ano desde março, tem estimulado a economia. No entanto, os dirigentes afirmaram que a taxa começará a subir, de forma gradual, se o cenário para a inflação piorar.

Uma das principais preocupações é o andamento das reformas, em especial a da Previdência. A visão do BC – e também do mercado financeiro – é de que, sem elas, não é possível manter a inflação baixa, a Selic em patamares menores e a recuperação da economia. O problema é que, no atual cenário eleitoral, não é possível garantir que as reformas vão avançar. Entre os candidatos mais bem colocados nas pesquisas, há quem não deixe claro o comprometimento com as reformas.

Para piorar, a alta de juros norte-americana e a guerra comercial entre EUA e China pioraram o ambiente internacional. Para o BC, houve uma queda do apetite dos investidores por países emergentes, como o Brasil.

A conclusão do Copom é de que os riscos ligados às reformas e ao exterior cresceram. Balanço de riscos. “Parece que o Copom está preparado para subir a Selic se o balanço de”, riscos piorar mais”, avaliou o economista-sênior do Haitong Banco de Investimentos do Brasil, Flávio Serrano. “Vemos possibilidade de alta este ano, a depender da evolução do cenário.

Por “ora, mantemos a expectativa de manutenção da Selic até o final de2018”, acrescentou. O próximo encontro do colegiado vai ocorrer já após o segundo turno da eleição, em 30 e 31 de outubro, com o novo presidente eleito.

Para o economista-chefe da MCM Consultores, Mauro Schneider, apesar de a ata abordar o cenário externo, “do ponto de vista de relevância, as reformas ganham de longe e são o aspecto mais importante para a política monetária”. Segundo ele, a ata confirmou que a alta de juros pode começar em breve.

Já a economista-chefe da Icatu Vanguarda, Ana Flávia Oliveira, acredita que a ata do Copom elevou a possibilidade de o BC iniciar o ciclo de elevação da Selic já em outubro. “A ata reforçou que o balanço de risco para inflação piorou, algo que já estava claro antes”, avaliou.

O ESTADO DE S. PAULO - ECONOMIA & NEGÓCIOS - SP -26/09/2018 Pág. B6

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