Previsão de juros menor abre espaço para avanço do PIB
Com a previsão de que os juros básicos da economia, já no piso histórico de 5,5% ao ano, devem cair ainda mais até o fim do ano, analistas começam a ver espaço para um crescimento maior do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços do país) em 2019 e no ano que vem. E indicadores recentes como vendas de automóveis e previsão de contratação de temporários no fim do ano mostram sinais mais firmes de uma retomada.
No boletim Focus, do Banco Central, que semanalmente monitora as previsões de economistas, o grupo de analistas do Top 5, que mais acerta as projeções, já estima que a taxa básica de juros Selic ficará em 4,5% no fim do ano —ou seja, haveria mais dois cortes de 0,5 ponto percentual até dezembro. Ontem, o Itaú revisou sua previsão para o PIB deste ano de 0,8% para 1% e, para 2020, de 1,7% para 2,2%.
—O principal reflexo do cor tenos juros básico sé no crédito. Coma quedada Se lic,atendênciaé que o cus todo crédito para famílias e empresas seja reduzido.
Assim, pode haver mais investimentos de um lado e consumo do outro —destaca Luka Barbosa, economista do Itaú Unibanco. — A política monetária ficou mais importante para a atividade econômica por conta da redução dos créditos subsidiados pelo governo, que impediam que a Selic impactasse de forma direta a economia.
Pelas estimativas do Itaú, cada 1 ponto percentual de queda na taxa de juros aumenta a expansão do PIB trimestral, em termos anuais, também em 1 ponto percentual.
Graças à liberação de recursos do FGTS e a sinais melhores do varejo, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) estima que a oferta de vagas temporárias para o Natal de 2019 será a maior em seis anos, coma contratação de 91 mil trabalhadores. Além disso, osco merc ian tespr eve em efetivar 26% dos temporários—o maior patamar desde 2015.
EFEITO DO FGTS
Thaís Zara, economistachefe da Rosenberg Associados, ressalta, porém, que os efeitos do FGTS são pontuais e os reflexos serão vistos apenas no curto prazo:
— Os recursos do FGTS aparecem como um incentivo que vai beneficiar o consumo, mas no curto prazo. Além disso, temos uma inflação baixa, que atua como um fator mais concreto para estimular e propiciar o consumo. De toda forma, o corte dos juros é o principal incentivo para uma retomada do consumo.
Sergio Vale, economistachefe da MB Associados, destaca que a continuidade das reformas e uma certa tranquilidade política são importantes para o crescimento:
— Para este ano e o próximo, temos a recuperação cíclica da economia e de alguns setores importantes, como vendas de automóveis, dando sinais de retomada mais forte.
Em setembro, as vendas de carros novos subiram 10,1% em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo a Fenabrave, associação que reúne as concessionárias de automóveis.
O GLOBO – ECONOMIA – 15/10/2019 –PÁG 16