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O que pode ser feito para proteger a economia?

A pandemia do novo coronavírus deixou a economia ainda mais desorganizada. Há incerteza sobre emprego, salário, PIB, inflação, aplicações financeiras e a questão fiscal. Economistas ouvidos pelo ‘Estado’ apontam rumos para uma recuperação após o vírus ser controlado.

Affonso Celso Pastore

Concordo com medidas emergenciais que prevejam um processo de concessões, um programa para micro e pequenas empresas e concessão de crédito condicionado à manutenção dos empregos.

Mailson da Nóbrega

Além de reforçar recursos para Saúde, um arsenal de medidas depende da inventividade da equipe econômica, como dispensar pagamento de contribuições previdenciárias por trabalhadores de menor renda.

Elena Landau

A prioridade é criar uma rede social de proteção. É preciso linha de crédito com sistemas de garantia, flexibilização dos contratos de trabalho com suporte do governo em complementação de renda e apoio a informais.

Eduardo Guardia

É fundamental que a expansão fiscal seja restrita a gastos temporários e acompanhada de medidas legais que reforcem a situação fiscal de longo prazo, notadamente a aprovação da PEC Emergencial.

Samuel Pessôa

O governo deve tomar medidas como um programa para a sustentação da renda dos trabalhadores informais. Também precisa criar um amplo programa de crédito para as empresas terem capital de giro.

Alexandre Schwartsman

Estamos numa economia de guerra e o nosso objetivo é ganhá-la. O País precisará passar pela quarentena e gerar condições para que, depois dela, enfrente um choque na economia que, com sorte, seja temporário.

Pedro Fernando Nery

O governo tem de fazer três coisas. Zerar a fila do Bolsa Família. Fazer transferências para os conta-própria e informais. E preservar os empregos formais, permitindo que façam a travessia para o pós-pandemia.

José Márcio Camargo

Para evitar falência geral de pequenas e médias empresas, será importante o Tesouro montar algum fundo garantidor de crédito, para que os bancos disponibilizem recursos e elas passem por essa recessão.

O Brasil já era um país mal organizado. A pandemia do coronavírus apenas começou por aqui e a economia já ficou ainda mais desorganizada. As perguntas se multiplicam. Como ficamos? A seguir, alguns dos campos em que as incertezas se amontoam:

1. Emprego, salário, faturamento e renda.

Com tanta gente dispensada, comércio fechado, ainda que temporariamente, e pequenas e médias empresas bloqueadas em seus negócios, o que fazer diante do inevitável colapso do caixa e dos resultados?

2. PIB e produção industrial.

Estamos em março e, no entanto, as novas projeções são de queda do PIB em 2020, e não mais de crescimento de alguma coisa em torno de 2%. Se isso está assim na renda, imagine-se então o que vai acontecer na poupança e no investimento. E, quando vier, como será a recuperação? Terá formato de “V” ou será um “L”?

3. Crédito e liquidez.

Mesmo com queda de custos e dos preços de insumos – como os do petróleo – muitas empresas e muitos endividados deixarão de honrar seus compromissos. Até que ponto os bancos conseguirão manter abertas suas linhas de crédito? E que tipo de cobertura exigirão do Banco Central?

4. Questão fiscal.

As despesas do Tesouro, que já vinham disparando, agora enfrentam novas e inadiáveis demandas por verbas. São os organismos que cuidam da Saúde, são os Estados, os municípios, as empresas privadas mais atingidas, como as companhias aéreas. E há os desempregados. Com o colapso da produção, da renda e do consumo e com a incapacidade de pagar impostos, a arrecadação mergulhará. Felizmente, incontáveis vidas poderão ser salvas. Mas como serão os estragos nas finanças públicas?

5. Inflação.

Fora alguns casos excepcionais, os preços vão mergulhar e a inflação irá junto. Ao longo de todo o ano, o avanço do custo de vida pode ficar abaixo dos 3%.

6. Aplicações financeiras.

Os juros básicos, que estão nos 3,75% ao ano, devem cair ainda mais. O retorno das aplicações em renda fixa ficará ainda mais nanico. Enquanto isso, as aplicações em renda variável, especialmente ações, continuarão sujeitas a grande volatilidade. Tanto podem voltar a afundar como podem disparar. Numa hora dessas, até mesmo ativos considerados seguros estarão sujeitos a perdas: moeda estrangeira, ouro, imóveis.

7. Mais perguntas em busca de resposta.

Como ficam a reposição das aulas suspensas nas escolas, as férias escolares, as viagens interrompidas, os pagamentos atrasados, dívidas não pagas, as competições esportivas interrompidas? Obviamente, ninguém tem resposta nesse momento para tantas dúvidas. Mas perguntamos a um grupo de economistas o que o governo pode e precisa fazer neste momento para evitar uma catástrofe ainda maior que essa que se avizinha. A seguir, as respostas e sugestões dos economistas.

O ESTADO DE S.PAULO – ECONOMIA – 27/03/2020 – PÁG B1

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