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Inflação acelera ao redor do mundo

Os dados de inflação de curto prazo estão mostrando aceleração em praticamente todos os lugares do globo. Este efeito é um dos temas mais comentados no mercado e divide a opinião de analistas.


Temos uma turma que acredita que essas pressões devem continuar e podem contaminar os preços de médio prazo, criando um risco inflacionário no mundo.


Já o outro grupo, que inclui expoentes como o presidente do Banco Central americano, acredita que essas pressões são temporárias. No primeiro trimestre do ano passado, quando tivemos a eclosão da pandemia, o mercado tinha uma grande convicção de que os lockdowns e a queda na demanda teriam um impacto deflacionário.


Isso de fato ocorreu. No Brasil, o impacto foi tão forte em termos de atividade e queda nos preços que chegamos a um patamar de Selic de incríveis 2%. Mas, ao longo do ano de 2021 e com a persistência do isolamento e das novas ondas e cepas, tivemos um segundo movimento dos preços, antagônico ao primeiro. Os dados de 2021 têm mostrado uma inflação mais forte.


A inflação de vários países mostra números acima das metas acordadas. O Brasil iniciou um ciclo de aumento da Selic em março deste ano, fruto da preocupação com a alta dos preços.


Os EUA já colocaram na ata que, caso a recuperação siga, abre-se a porta para começar a discussão do "tapering", a retirada de alguns estímulos.


Embora a recuperação econômica seja desigual entre os diversos países, um aumento da taxa de juros americana certamente causaria um impacto importante nas taxas de juros ao redor do mundo. Há quem acredite que a pressão nos preços veio para ficar.


Os argumentos para acreditarem em uma pressão mais permanente dos preços ao consumidor incluem o volume brutal de estímulos dados durante a pandemia, as restrições na oferta de produtos (já que estamos presenciando quebras estruturais da cadeira produtiva por políticas protecionistas e nacionalistas) e o aumento estrutural dos salários (seja por políticas permanentes de transferência de renda ou pela mudança que acontece na China e pressiona o salário de seus trabalhadores, que antes funcionavam como uma reserva de mercado de trabalho mundial).


Outros economistas acreditam que a alta nos preços é temporária, sem necessidade de retirada precoce de estímulos.


Eles acreditam que o mercado de trabalho tem restrições temporárias por conta do auxílio e, em breve, teremos novas pessoas procurando emprego, reduzindo qualquer eventual pressão do mercado de trabalho.

Eles também lembram que, apesar dos estímulos, a velocidade da moeda cai há décadas. O governo está aumentando sua dívida e a população está aumentando a poupança, como no Japão. E, por isso, não houve inflação por todo esse tempo.


Acho que a mudança dos estímulos monetários pré-pandemia para os estímulos fiscais usados recentemente muda muito o jogo. O estímulo monetário aumenta o preço dos ativos e beneficia a população que já tem patrimônio.


Já o fiscal é dinheiro diretamente na mão da população de baixa renda, que tende a gastar mais.

É SÓCIA-FUNDADORA DA NORD RESEARCH, MESTRE EM ECONOMIA E COLUNISTA DO E-INVESTIDOR.

Veículo: O ESTADO DE S. PAULO Editoria: ECONOMIA E NEGÓCIOS Tipo notícia: Artigo Data: 31/05/2021 Autor: MARILIA FONTES

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