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Produção e vendas atravessam forte crise

A tentativa de enxugar o quadro de empregados reflete a projeção realizada pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) de que o setor deve encolher neste ano 35% na comparação com 2019. Com isso, devem sair das esteiras 1,915 milhão de unidades, o que faz com que o segmento retroceda ao patamar de 2003. A venda de veículos zero- quilômetro também deverá ter marca negativa, com redução de 31%, para 1,925 milhão de exemplares, o pior resultado desde 2005.

Além do mercado interno retraído pela crise econômica desencadeada pela Covid-19, o comércio exterior também não vai bem, e deverá encerrar 2020 com tombo de 34% e 284 mil unidades embarcadas a outros países, o que leva a atividade ao nível mais baixo desde 1999, o pior desempenho do século.

Para aliviar os caixas das montadoras, também foram firmados acordos coletivos, por intermédio dos sindicatos dos metalúrgicos, de não reajustar salários neste ano e, em 2021, corrigir os vencimentos só pela inflação - a categoria, vale lembrar, é uma das que historicamente mais conquistaram benefícios e ganhos reais, acima do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que já chegou a 10%.

AMEAÇA O cenário, já complicado, ganhou na semana passada mais um adversário. O Senado Federal aprovou a MP (Medida Provisória) 987, que prorroga incentivo fiscal a empresas do setor automotivo instaladas nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste do País. As companhias usufruem de crédito presumido do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) conforme apresentarem projetos de novos produtos.

Decisão é vista como ameaça à sobrevivência do segmento no Grande ABC por criar concorrência desleal e desestimular companhias a desenvolverem veículos na região e, consequentemente, a gerar empregos.

A Toyota vem encabeçando movimento contra a MP, que conta com o apoio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Conforme exemplifica o diretor de assuntos governamentais da montadora japonesa, Roberto Braun, um veículo de R$ 100 mil, com o benefício, pode ser vendido por R$ 79 mil, já que o incentivo equivale a R$ 21 mil. "Como explicar para o morador do Grande ABC que lá tem incentivo e aqui não?", questionou.

Segundo o vice-presidente do sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, a entidade vai pressionar o governo federal e marcar agenda com o estadual, para o qual a aposta está no programa IncentivAuto, que prevê desconto de até 25% no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre novos produtos para montadoras.

Para ter acesso ao benefício, porém, é preciso investir ao menos R$ 1 bilhão e gerar ao menos 400 empregos. "Não podemos esperar o desmonte.

Desmonte esse que já vem acontecendo", disse.

Veículo: DIÁRIO DO GRANDE ABC - SP Editoria: ECONOMIA Tipo notícia: Matéria Data: 13/10/2020

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