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Economistas, empresários e banqueiros cobram medidas contra pandemia

Mais de 500 economistas, banqueiros e empresários do país assinaram e divulgaram, neste domingo (21), carta aberta em que pedem medidas mais eficazes para o combate ao coronavírus. Em um texto com vários dados, o grupo chama a atenção para o momento crítico da pandemia e de seus riscos para o país, e também detalha medidas que podem contribuir para aliviar o que consideram um grave cenário.


A carta é a primeira manifestação de peso de representantes da área econômica no atual pico de contágios e mortes.


"Estamos no limiar de uma fase explosiva da pandemia e é fundamental que a partir de agora as políticas públicas sejam alicerçadas em dados, informações confiáveis e evidência científica. Não há mais tempo para perder em debates estéreis e notícias falsas. Precisamos nos guiar pelas experiências bem-sucedidas, por ações de baixo custo e alto impacto, por iniciativas que possam reverter de fato a situação sem precedentes que o país vive", afirma em carta.


Sem citar o nome do presidente Jair Bolsonaro, o documento aponta que a postura adotada por líderes políticos pode fazer diferença tanto para o bem quanto para o mal e, dependendo, reforçar normas antissociais, dificultar a adesão da população a comportamentos responsáveis, ampliar o número de infectados e de mortes e aumentar os castos que o país incorre.


"O desdenho à ciência, o apelo a tratamentos sem evidência de eficácia, o estímulo à aglomeração e o flerte com o movimento antivacina, caracterizou a liderança política maior no país", afirmam.


Segundo o economista Marco Bonomo, que participou da redação do texto, há um senso de urgência em relação ao problema. A expectativa era que a carta fosse encaminhada aos representantes dos três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) ainda no domingo.


A mobilização chama a atenção não só pelo grande número de adeptos, mas também pela diversidade dos apoiadores.


Entre os economistas, por exemplo, estão Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real, Laura Carvalho, professora da Faculdade de Economia da USP, Sandra Rios, diretora no Cindes (Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento), Felipe Salto, diretor-executivo da IFI (Instituição Fiscal Independente) do Senado, e Elena Landau, economista, advogada e presidente do Conselho Acadêmico do Livres.


"O comentário que eu mais ouvi das pessoas hoje [domingo] foi que a sociedade está se movendo. E isso precisa acontecer rápido. Não é possível que você não possa avançar com proteção social", disse Elena Landa a "[Essa carta] vem para enfatizar coisas que a ciência e os médicos de todo o mundo já falam há algum tempo. Não há discurso entre salvar vidas e salvar a economia. E a carta vem de economistas, exatamente para ficar claro que não existe esse dilema".


Acarta tem também a chancela de Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles, e o presidentes do conselho de administração do Itaú Unibanco, sinalizando que a mensagem tem eco em outros segmentos da economia.

Setúbal e Moreira Salles estão entre as famílias mais ricas do Brasil e detêm o controle grandes companhias. Os Setúbal, por exemplo, têm participação acionária na Itaúsa, que controla empresas como Alpargatas e Duratex. Os Moreira Salles controlam a CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração).


Também há representantes diretamente ligados ao setor produtivo, entre eles Pedro Parente, presidente do conselho de administração da BRF -que detém as marcas Sadia e Perdigão-, e Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo e hoje presidente-executivo da Ibá (entidade que representa a cadeia produtiva de árvores, papel e celulose).


Entre os investidores que endossam a mensagem estão Luis Stuhlberger, sócio da Verde Asset -que administra um dos fundos mais rentáveis da história do Brasil-, e Fersen Lambranho, presidente do conselho de administração da GP Investments, que tem mais de US$ 5 bilhões aplicados em 17 setores.


Economistas ligados ao Credit Suisse são outro destaque. Assinam a carta o presidente do banco, José Olympio Pereira, o presidente do conselho de administração e ex-presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, e a economista-chefe do banco, Solange Srour, que é coluna da Folha.


Ainda prestam apoio à mensagem outros ex-presidentes do BC, como Armínio Fraga, Affonso Celso Pastore e Gustavo Loyola, bem como ex-ministros da Fazenda, como Pedro Malan, Mareílio Marques Moreira e Rubens Ricupero.


A ideia de criar a carta surgiu em um grupo de WhatsApp no qual se reúnem mais de •200 economistas, criado em 2015. Diante do agravamento da pandemia, os participantes começar uma pensarem uma manifestação mais formal sobre quais os problemas a serem enfrentados. Para redigir a carta foram escolhidos cinco relatores.


"A pandemia é um tema de primeira ordem na discussão nacional, e a ideia [da carta] é ser uma contribuição propositiva, com a nossa visão sobre o tema. Existem questões complexas que precisam ser melhor atendidas. N em tudo o que es tá no documento é do acordo de todos os economistas do grupo, mas um número representativo assinou e a carta, agora, ganhou assinatura de economistas de outras esferas", disse Flávio Ataliba, economista e secretário-executivo de Planejamento e Orçamento da Seplag (Secretaria do Planejamento e Gestão) do Ceará.


Veículo: FOLHA DE S. PAULO - SP Editoria: MERCADO Tipo notícia: Matéria Data: 22/03/2021 Autor: Isabela Bolzani

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