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Leis de emissões vão tirar de linha os 5 motores mais antigos do Brasil


Norma Proconve L7 pretende modernizar a frota do país, impondo níveis de emissões mais baixos: conheça os motores que não deverão sobreviver

Durante os tempos de mercado fechado às importações, o consumidor brasileiro via poucas mudanças no cenário automotivo. Hoje, estamos mais acostumados a ver carros e mecânicas novas sendo lançados com alguma frequência. Porém, alguns motores de projeto antigo ainda sobrevivem.

Alguns desses motores antigos continuam no mercado devido ao gosto do consumidor, ou porque rendem mais lucro ao fabricante, ou ainda seguirão sendo feitos só até que os carros que os recebem saírem de linha. Cada fabricante trata seus motores de um modo: a Chevrolet, por exemplo, sempre atualizou o Família 1 e conseguiu mantê-lo competitivo diante da concorrência mais moderna. Já a Volkswagen parou no tempo com o EA111.

1. Peugeot EC5M



Dos motores da lista, o da Peugeot/Citroën é o único que terá sobrevida após o início do Proconve L7 (Foto: Citroën | Divulgação)


Quando o Peugeot 308 foi lançado, trouxe como novidade o motor 1.6 EC5. Esse motor “novo” nada mais era que uma atualização do TU5JP4, que equipava a linha Peugeot e Citroën. A origem dessa família data de 1986.


O nome EC5 indica que o antigo motor TU recebeu comando de válvulas variável, bielas forjadas, taxa de compressão mais alta e passou a dispensar o tanquinho de partida a frio. Houve ganhos de potência, enquanto o torque passou a aparecer mais cedo. Esse motor é usado hoje nos Peugeot 208, 2008 e Partner. Na linha Citroën, ele equipa o C4 Cactus e estará no novo C3.


O motor TU foi o “feijão-com-arroz” do grupo PSA por muitos anos, em versões a gasolina ou a diesel. Uma versão 1.3 de alto desempenho foi feita para homologar o Peugeot 106 de rali. O 1.6 que conhecemos também teve versões mais nervosas no 205 GTi e no 106.


O motor 1.4 usado pela PSA no Brasil também faz parte dessa família. Mas, devido a algumas peculiaridades do projeto, apresenta uma série de defeitos que não são encontrados no 1.6. Na Europa, o TU foi substituído há mais de 10 anos pela versão aspirada do motor THP, conhecida também como Prince.

2. Fiat Fire


O Fire já possui sucessores, mas parte dos consumidores ainda prefere o motor antigo (Foto: Fiat | Divulgação)


A Fiat sempre prezou pela inovação no Brasil: estreou no país trazendo o conceito do motor transversal e foi a primeira a adotar turbocompressor e 16 válvulas. Mas até os anos 1990, a base da gama da Fiat ainda dependia do antigo motor Fiasa, que foi projetado nos anos 70 para equipar o 147.


A Fiat começou o processo de aposentadoria desse motor com o lançamento da família Fire, em 2000. Esse motor já chegou ao Brasil trazendo 15 anos de vida nas costas, pois sua estreia foi no Autobianchi Y10, em 1985. No ano seguinte, ele foi adotado pelo Uno europeu.


Em 2000 o Fire agradou por trazer mais torque em baixa rotação que o Fiasa, tornando a condução urbana mais fácil. Esse motor também veio em versões de 16 válvulas, tanto 1.0 quanto 1.3. Mas, na época, o consumidor brasileiro não era tão receptivo aos motores multiválvulas, e apenas as versões 8 válvulas continuaram.


Hoje, os motores Fire 1.0 e 1.4 são feitos com foco em veículos de entrada, com grande volume de vendas para empresas. Os urbanos Mobi e Uno usam o 1.0, enquanto o 1.4 é usado pelo furgão Fiorino e na versão de entrada da picape Strada. O Grand Siena oferece ambos motores.

3. Chevrolet Família 1


A Chevrolet sempre investiu no Família 1, mas o motor já está no limite de desenvolvimento (Foto: Chevrolet | Divulgação)


O motor Família 1 foi lançado em 1982 pela Opel para substituir o motor CIH na gama de carros pequenos. A concepção é similar à do Família 2, se diferenciando pelo tamanho físico do bloco do motor. O Família 1 existiu em diversas versões, com deslocamento entre 1 litro e 1,8 litro.


O Brasil conheceu esse motor com o lançamento do Corsa em 1994, nas versões 1.0 e 1.4. Mais tarde seria acrescentada a versão 1.6, que contou também com o cabeçote de 16 válvulas, assim como o 1.0. Importado da Espanha vinha o Corsa GSI, trazendo o Família 1 1.6 16V em uma versão mais apimentada.


Com o lançamento da terceira geração do Corsa no Brasil veio a versão 1.8 desse motor, conhecida pelo alto torque em baixas rotações e pelo funcionamento mais áspero que o das outras versões. Esse motor foi compartilhado com a Fiat graças a uma joint venture entre General Motors e o fabricante italiano.


O Família 1 recebeu atualizações constantes da engenharia brasileira, culminando na atual versão, batizada como SPE/4. O 1.0 ainda é usado no Joy, no qual produz 80 cv e boas médias de consumo. O 1.8 também continua em linha, com as mesmas atualizações, e equipa a minivan Spin. O 1.4 é feito para o Joy exportado para a Argentina.


4. Renault F4R


O moderno 1.3 turbo irá suceder o antigo 2.0 na picape Oroch (Foto: Renault | Divulgação)


Os anos 80 foram bons para os fabricantes europeus: o motor 2.0 que a Renault usa no Sandero R.S. e na picape Duster Oroch também foi lançado nessa década. O F4R usado nesses carros nacionais faz parte da família Tipo-F, lançada em 1982.


A primeira versão desse motor era a diesel e inovava por dispensar as camisas nos cilindros. A concepção de bloco feito em ferro fundido e cabeçote em alumínio era a vanguarda da época para motores generalistas. O motor F da Renault em suas diferentes versões foi parar no cofre de carros da Volvo, Nissan, Moskvitch, Mitsubishi e Suzuki.


Um lado muito apreciado desse motor é o desempenho, principalmente o da versão 2.0. O Clio R.S. já usou versões dele com aspiração natural de até 204 cv. O Mégane R.S. usou versões turbinadas de até 275 cv — e quebrou alguns recordes em Nurburgring.


O código F4R indica a versão 2.0 16v aspirada desse motor. Na Duster Oroch ele é acertado para produzir 142 cv; já no Sandero R.S. a potência é de 150 cv. Informações ainda não confirmadas pela Renault apontam que a produção do Sandero R.S. já foi encerrada. A Duster Oroch deverá ser reestilizada em breve e trocará esse 2.0 pelo novo 1.3 turbo que estreou no Captur.


5. Volkswagen EA111


Motor EA111 tem origem em um Audi compacto de 1974 (Foto: Volkswagen | Divulgação)


Os motores da Fiat e da Chevrolet são alvos costumeiros de piadas na internet devido à idade, mas o motor mais antigo em produção no Brasil é o EA111 da Volkswagen. Esse motor foi criado pela Audi para ser usado no simpático modelo 50, lançado em 1974.


Esse motor foi compartilhado com o primeiro Golf, também lançado em 1974. Mais tarde o Audi 50 passaria a ser feito pela Volkswagen como Polo. O motor era chamado de EA801 e possuía versões 1.1 e 1.3. Em 1985 a Volkswagen promoveu uma série de atualizações no motor e o rebatizou como EA111.


O EA111 chegou ao Brasil em versão 1.0, feita para substituir o antigo CHT da Ford com o fim da Autolatina. Em 2001 veio a versão 1.6 para substituir o moderno SR no Golf. Na mesma época a Volkswagen já havia criado versões 16v e 16v turbo do 1.0 para equipar Gol e Parati.


Uma versão 1.4 do EA111 equipava o Fox de exportação e substituiu o antigo 1.6 boxer refrigerado a ar na Kombi. O EA111 continua em produção como 1.6 para Gol, Saveiro e Voyage. O motor 1.6 16v oferecido nesses carros não possui relações com EA111: faz parte da família EA211, a mesma do 1.0 tricilíndrico da marca.


Esses motores antigos estão com os dias contados


Apesar de contarem com fãs e consumidores fiéis, esses motores antigos começarão a sumir em 2022. Em janeiro, entra em vigor a norma de emissões Proconve L7, que exigirá emissões de poluentes menores dos carros nacionais.


Segundo fontes do portal Autos Segredos, o Volkswagen Gol continuará apenas com o moderno motor 1.0. A picape Saveiro receberá o 1.6 16v em todas as versões. O Chevrolet Joy não deverá ir longe, enquanto a Spin tem uma nova geração em desenvolvimento, com a mecânica do Tracker. O motor 1.6 de Peugeot e Citroën ainda terá uma sobrevida, mas será substituído pelo 1.0 turbo da Fiat.


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