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Saldão de carros: como montadoras têm apelado para desencalhar os estoques


Entre os anos de 2020 e 2021, todos acompanhamos assustados os sucessivos aumentos de preços dos carros no país. Fábricas paradas por longos períodos, falta de componentes e demanda em alta foram os motivos para que a “lei da oferta e da procura” fosse utilizada como nunca no segmento automotivo. O problema é que grande parte das montadoras parece ter errado na dose do remédio, transformando a solução em veneno.


A oferta na produção foi normalizada, os pátios dos fabricantes e concessionárias acumularam estoque e foi necessária uma ação emergencial (e bem provisória) do governo federal para esvaziar um pouco o volume de carros armazenados. Um nó que gerou uma nova corrente de intrigas entre os sócios da Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.


O incentivo fiscal foi rápido e retomar os preços integralmente seria um desastre para o mercado automotivo nacional. Surgiu então uma modalidade que, de certa forma, não é novidade, mas que agora quase que virou regra: o tal do bônus de fábrica. Está todo mundo bonificando.


Como as montadoras não têm o costume de reajustar para baixo o preço dos carros e também se viu impossibilitada de praticar o valor cheio da maioria de seus modelos, a moda agora é bonificar. Anote aí: bônus de R$ 7 mil, R$ 10 mil, R$ 20 mil, R$ 30 mil, R$ 50 mil e até R$ 80 mil, dependendo do modelo e marca.


Se você pesquisar verá que começa na turma dos autos “normais” e esbarram nos Mercedes-Benz, que mudaram de patamar e status no Brasil. Outras empresas do segmento também acompanham o ritmo.

Até a Toyota correu para bonificar na picape Hilux e Corolla sedã, encerrando seu ciclo para receber o retoque de meia vida até o fim do mês. Perto dos R$ 30 mil de bônus está a Volkswagen Amarok. O negócio é pedir bons negócios no balcão. E vale para as RAM full size: 1500, 2500 e 3500.


E o ato de oferecer bônus não escolhe classe. Das marcas generalistas às mais luxuosas, se não bonificar não vende.


Mas se praticamente todas as marcas estão aderindo ao bônus de fábrica, porque não abaixar logo o preço dos carros para os valores que ficam com a bonificação? A estratégia de preços menores em caráter temporário seria diferente do cansado bônus varejo.


Mas a resposta é simples: margem de negociação. O vendedor mostra para o cliente o preço de tabela nas alturas, mas diz que “só naquela semana” ele terá um “bônus superespecial” para levar o carro zero. Isso sem contar a ladeira abaixo da Fipe para a maioria dos usados. Faixa dos 75% em valores reais. Mire a tabela e calcule dessa forma que você terá uma média de quanto pagarão no seu usado sem verba de trade in.


Se as montadoras incorporarem os bônus à tabela de preços sugeridos, os consumidores – cada vez mais duros na negociação – vão querer mais desconto. O que é justo, pois sabemos que os valores cobrados no Brasil são altos. Acho que todo mundo quase que concorda.

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